quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tudo novo de novo

"Em vez de amor, dinheiro, fé, fama e equidade...me dê a verdade" Thoreau

Talvez precisem acontecer coisas muito intensas na minha vida pra eu conseguir escrever. Algumas boas, outras ruins. Hoje, definitivamente, é uma ruim. Mas não deixa de ser inspiradora e de trazer uma série de significados e aprendizados. Afinal, como bem disse Paulo Mendes Campos, na sua crônica “Para Maria da Graça”, “em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente”.
A verdade, o que é a verdade? Essa é uma pergunta um tanto filosófica, e, dentre tantas divagações sobre o tema (no qual eu sou uma semi analfabeta, diga-se de passagem) Nietzsche fala que a verdade é, essencialmente, “a verdade do rebanho”. E não deixa de ser. Todas as nossas percepções do que seria verdade são atreladas à nossa concepção de mundo, que apreendida socialmente, culturalmente e possui várias conexões com o que é “verdade” para as pessoas ao nosso redor. É difícil transpor esse sentido de verdade e procurar uma verdade verdadeira que não tenha nenhuma conexão com a realidade social/cultural, né? E essa “verdade” muda no tempo, no espaço... Mas não tou falando da busca desse tipo de verdade.

A verdade que eu procuro é uma mais intrínseca. O que eu sinto é o que sei. A verdade de dizer a verdade. A verdade de viver a verdade. A verdade de sentir de verdade. A verdade de ser de verdade... Poderíamos dizer assim? Poderíamos, sim.

Não é que na vida esses clichês toscos, que a gente sempre acha que nunca vão acontecer com a gente, acabam acontecendo. E, quando são com a gente, não são tão clichês assim. Eles machucam. E machucam de verdade, quase chegando a corroer. E o que a gente faz? Vive. E transforma todo aquele caos em algo bonito. E se consegue fazer isso? Sim... porque a gente faz isso o tempo todo. O tempo todo.

Meus dias nublados estão começando. Sejam bem vindos. Mas quando passarem, eu quero ver um sol bem lindo entrar pela janela!

Essa música me diz muito nesse momento. E com ela, eu encerro.
:)


Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás

terça-feira, 26 de abril de 2011

Me alugo pra sonhar

Quando pequena, costumava pensar que o mundo de verdade estava dentro de mim. Muitas vezes ficava alheia ao que acontecia ao meu redor, me voltando para dentro, numa tentativa de dar sentido às coisas. Mas aí, de tanto me esconder, ele veio ao meu encontro de uma forma feroz. É, ele mesmo, o mundo. Veio ao meu encontro. Como poderia reagir? Não sei. Ainda não sei. Esse mundo, na verdade, esse mundo.... acho que ele não me serve. Como posso eu viver num mundo assim?

Talvez por isso minhas perplexidades são tão evidentes. Me questiono e questiono tudo à minha volta. Pra mim é tão natural que seria espantoso não o fazer.

Eu tento encontrar a cor que me serve. Já me vesti de preto, azul, rosa... Já me vesti de tantas cores que nem me lembro mais. Nenhuma delas me serviu. De já não me lembrar, não é de se espantar que o esquecimento de mim mesma fosse me tomando, aos pouquinhos, como o mar que avança devagarzinho, a cada mês, a cada ano.



"— Em termos concretos — perguntei no fim —, o que ela fazia?

— Nada — respondeu ele, com certo desencanto. — Sonhava." (GGM)



É, acho que é isso. Eu me alugo pra sonhar. E nesse estado de coisas, é o que eu tenho de mais precioso.